Monday, September 02, 2013

Preciso de vitaminas

Preciso de vitaminas. Para a rentrée e não só. As férias foram cansativas. Levar a família de férias não era uma novidade, mas com um bebé sim.
Muitas opiniões e a independência perdida fizeram de idas ao café só com o M. momentos únicos. O resto mediu-se em medições. Quanto comeu? Quando comeu? O que comeu? (estou a falar do bebé). Deste-lhe de mamar? Outra vez? Ele já pode comer tudo, alvitra-se, aqui e ali. Olha, que estranho, tem um pouco de diarreia. Eu levo-o à praia. Não é preciso pôr creme outra vez. Despe-lhe a t-shirt coitadinho. É só um bocadinho.
Não nasci para a assertividade, está visto, e isso torna tudo mais cansativo. Responder à letra acaba por ser, vindo de mim, uma espécie de afronta, e temo que assim soe aos ouvidos de quem "merece".
As férias seguintes eram supostas serem passadas a 3. Bebé, papá, mamã. Mas não. As férias a três passaram a férias a 5. Bebé, papá, mamã, manos. Tivemos de os ir buscar às férias da mãe, que não estavam a correr como planeado. Assim, a mãe teve com eles uma semana de férias, já connosco em casa e a trabalhar a meio gás. As férias de verão para os manos, de resto, foram passadas na casa da avó durante o dia e connosco à noite depois do trabalho, porque a mãe chateou-se com a avó e foi como se eles só tivessem uma avó. Além disso, o novo trabalho da mãe, é muito importante, pois claro, e não dá para muitas viagens ao Montijo.
Regressados de férias cansativas, tenho uma das notícias mais complexas de gerir de sempre na vida, depois da morte do Bruno. Telefona-me uma amiga. O pai dela matou a mãe, matando-se em seguida. Aconteceu-me isto, disse ela. O próprio dia e seguintes foram dias de trabalho com dificuldade. E depois lá fui a um dos enterros, o da mãe, pois claro, até porque a fazer questão, ela e os irmãos preferiram visitas no dia da mãe.
A vida muda para sempre com uma coisa destas. Entretanto encomendei um livro na Amazon sobre estas coisas e como fazer o luto disto, a ver se consigo dizer alguma coisa de jeito quando houver oportunidade para falar com ela como deve ser.
Isto deu-me para pensar que às vezes me dedico mais aos amigos do que à família. E esta reflexão foi-se espraiando ao longo dos últimos dias de agosto, todos quentes, que não deixam espaço para reflexões prolongadas nem definitivas, nem decisórias. Nisto, o bebé passa de quase 6 dentes para 10, voltando a acordar duas vezes por noite. E à segunda vez eu fico sem dormir - será do calor, das notícias deste ano, ou do café depois do almoço?
Espaço para dizer outra vez - preciso de vitaminas.
E nos últimos dois dias a noticia que dá conta da necessidade de prestar mesmo mais atenção à família. E que me leva mesmo a ir comprar vitaminas. Porque me deitou abaixo e até pensei que ia ficar assim por meses, mas felizmente hoje acordei com vontade desta catarse escrita, e da decisão das vitaminas.
O meu sobrinho teve uma convulsão. Grande. Antes disto tinha tido vários episódios de grandes enxaquecas, às vezes seguido de apatia. Os médicos desconfiam fortemente de epilepsia e o meu sobrinho está neste momento a fazer exames para confirmar. Eles sim ficaram com as férias a meio (ainda faltava uma semana) e no fim a minha irmã se calhar não tem emprego. Também a minha amiga a quem morreram os pais não teve férias, porque ia começá-las no dia fatídico.
Férias eu tive, não tenho que me queixar. Boiei no mar do Algarve sempre que pude, vi sítios novos, até visitei um borboletário tropical!
Mas preciso de vitaminas!