Tuesday, January 29, 2008

vuit, vuiuu

já não bastava a poluição sonora comum (ordinária em ambos os sentidos), agora temos poluição sonora extraordinária (em ambos os sentidos também) de 20 em 20 segundos, em qualquer anúncio da sagres perto de ti.

Friday, January 25, 2008

Queridas vacas açoreanas,

Lamento muito que tenham obrigado metade de vós a deixar de produzir o vosso maravilhoso leite há uns anos atrás. Parece que a Europa andava a produzir muito leite e decidiram que vocês ficavam melhor na paisagem do que com dispositivos sugadores de leite. Em parte até é verdade. Mas afinal a Europa não produziu assim tanto leite e agora o leite vai aumentar outra vez (parece que há outras razões, mas essas não compreendo porque - acho que - fazem de propósito para manter algumas linguagens muito distantes da compreensão dos comuns mortais).

ps: gozem as paisagens por mim e evitem os matadouros - diz que é pior do que dar vazão ao leite. por mim, vou comprar uma palete de leite antes do 1 de fevereiro, dia em que o leite aumenta 10 cêntimos...

Friday, January 18, 2008


O Zimler respondeu-me! Afinal há pessoas conhecidas que lêem emails grandes dos seus admiradores. Foi muito simpático!

Vou comemorar na Astro e passar à beira da Igreja da Madalena, a Sétima Porta de uma certa Cabala...

Thursday, January 17, 2008

Carta de agradecimento a Richard Zimler

Caro Richard Zimler,

Só pelo facto de lhe escrever, sinto-me honrada e meio envergonhada, tendo em conta que o Richard escreve tão bem. Adiante.
Não li todos os seus livros. O primeiro que li foi Goa, ou o Guardião da Aurora, que foi daqueles livros que me dão a sensação de estar a ler o melhor livro do mundo. Quando leio um livro destes não descanso enquanto não consigo encontrar pelo menos mais um leitor, animando-o a ler a fantástica obra que acabei de ler. Assim fiz.
Recentemente li À Procura de Sana, uma história que, inesperadamente, me ajudou a encarar alguns sentimentos que ainda não ousara, desde a morte recente de um amigo. Felizmente tenho a pastelaria Astro perto de mim para matar as saudades (e a gula).
E, um livro depois, doutro autor (que, já agora, e por acaso tem - também - um violoncelista em pano de fundo), li A Sétima Porta. Não costumo ler livros com mais de 400 páginas porque tenho sempre a sensação que não irei chegar ao fim. Mas este livro foi-me oferecido no meu aniversário, por um amigo que já leu todos os seus livros, e a quem acabei de emprestar este último, depois de terminado.
Com A Sétima Porta, reiterei a minha teimosia em não ter lido as “procuras do Santo Graal”, como lhes chamo, que abundam nos mo(n)struários das livrarias. Reiterei ainda, que a leitura pode ser fácil, sem ser light.
Recentemente, numa das conversas de cantina da universidade, uma colega – que admiro – diz, reportando-se ao Richard, que eu elogiava, que “esse é daqueles escritores de best sellers?”, mas disse este termo como se fosse o mesmo que literatura light. Como não sou muito assertiva, não lhe referi algumas das obras literárias mais fantásticas da história que se tornaram best sellers. E, não o fazendo, tive dificuldade em responder-lhe à letra. Disse-lhe que para quem passava muitos dos dias a ler coisas complicadas (como nós, investigadoras em antropologia), era bom encontrar romances como os seus. Disse também outras coisas de que não me lembro.
Bom, queria dizer-lhe isto e enviar-lhe um grande bem-haja o teclado do seu computador ou a sua caneta, ou ambos.
A Sophie é a única personagem central possível na Berlim dos anos 30. Fico com tantas saudades do Hansi, da Vera e do Isaac depois de fechar o livro… Acho que vou oferecer A Sétima Porta, este ano, a todas as pessoas para quem era tão importante ler este livro. Não são alemãs, nem judeus. Só pessoas que sofreram com o cancro dos pais, com a morte de um companheiro, com o olhar desaprovador dos outros. E todas as pessoas que já se esqueceram do que é ser adolescente, e da beleza da sua força (em todas as direcções). E pessoas que amam Berlim e as cidades com histórias fortes, e que sonham desembarcar em Istambul, como eu, e ficar a olhar o Estreito do Bósforo até não aguentar mais.
Felizmente tenho a Igreja da Madalena perto de mim para matar saudades.
Obrigada pel’ A Sétima Porta.

Monday, January 14, 2008

Rilke, transcrito por Zimler, na Sétima Porta

Todas as coisas são os corpos dos violinos, cheios de uma escuridão murmurante;
lá dentro há sonhos das lágrimas das mulheres, lá dentro remexe, enquanto dorme,
o ressentimento de gerações inteiras...
Eu espalharei prata: e então, tudo o que está sob mim passará a ter vida,
e aquilo que nas coisas erra [,] lutará, procurando a luz...

Este é um poema de R.M.Rilke, n'A Sétima Porta, o maravilhoso livro de Zimler sobre os anos 30 em Berlim, onde se descobre a história da personagem central, e narradora, uma adolescente lutadora (só uma adolescente lutadora sem noção de algumas coisas mas com tanta noção de outras poderia ter tanta força e poderia ser tão credível na sua força para aquela fase de Berlim...)

É mais um testemunho de que a liberdade de pensamento é a mais importante - tanto na história que é contada como na forma como é descrita.