Thursday, September 21, 2006

Wednesday, September 20, 2006

os velhos

Os velhos trazem uma vida toda atrás deles
por isso é que lhes custa andar.
nós, os novos, devíamos querer ser velhos
porque os velhos já aprenderam muito
Os velhos às vezes têm o pensamento confuso.
é natural: já pensaram demasiado na vida.

Os velhos são como as crianças
e não é só por causa das fraldas:
os velhos páram no meio da rua
para olhar para qualquer coisa;
dizem coisas inteligentes
sem ninguém estar à espera
(ou coisas poéticas,
ou coisas consideradas inapropriadas);
admiram-se facilmente;
são gulosos e generosos;
gostam mais dos animais;
e, volta e meia, caem.

Se nos dedicarmos a ouvir os velhos
sem pensar constantemente
quando é que ele se cala ou as coisas que temos para fazer,
ouvimos coisas mais novas do que nós
(ou novas para nós)
e revelam segredos.

Monday, September 04, 2006

alegrias domésticas

uma casa nova leva-nos a desvarios e a sentimentos de satisfação produzidos por coisas que normalmente acharíamos espatafúrdias.
se não, como ficar tão contente porque já se tem uma varinha mágica, ou triste porque se tem de trocar a aparelhagem nova por outra porque a rádio não funciona?

uma das maiores alegrias domésticas da actualidade é, depois de trazer os móveis Ikea para casa, arrumadinhos nos cartões, decobrir que não faltam peças para bem-montar os móveis e, mais do que isso, conseguir montá-los sem grandes dificuldades.

uma outra alegria doméstica é já ter uma escumadeira, um saca-rolhas, um ralador.

as listas do que falta e do que já há parecem intermináveis, como se encher uma casa não fosse uma das coisas mais rápidas do mundo.